quinta-feira, 10 de abril de 2008

o Extintor (episódio V)

Constou que o grande tinha levado 6 pontos na cabeça, que os restantes homens da caserna tinham passado o resto da noite e o principio da manhã a limpar o pó branco, depois da ameaça do Capitão de que se não fosse restablecida a ordem ele próprio invalidaria as cadernetas militares e NINGUÉM passaria à disponibilidade nessa manhã. Os três bombeiros ouviam em silêncio estas histórias e atravessavam o corredor da enfermaria de dermatologia, onde não restava um milimetro quadrado onde não houvesse pó de extintor. Era uma visão aterradora. Os camaradas discutiam aflitos com o sargento de dia a hipótese de represálias militares. Neste ambiente de grande tensão os bombeiros voltam a trocar olhares cumplices, embora desta vez parecesse que nenhum dos três tinha vontade de disparar fosse o que fosse. Até que: -"Fui eu!" disse o enfermeiro. -"Fui eu quem fez esta brincadeira e assumo a responsabilidade meu sargento! Ninguém tem de ser castigado pelos meus actos!". O sargento tomou providências, identificou o enfermeiro e mandou-o esperar à porta do gabinete do capitão. Os restantes camaradas, aliviados, encaminharam-se também para lá, mas com o propósito de receber as prometidas cadernetas militares. Todos olhavam o enfermeiro, uns com olhares de indulto, outros mais intolerantes mostravam a sua decepção. Ao fundo, o mecânico e o rambo telefonista murmuravam. Pouco tempo depois acercam-se do enfermeiro e dizem-lhe que estão com ele, que não o vão deixar assumir a culpa sozinho, afinal tinham sido os três e que íam ficar os três juntos até às ultimas consequências. Assim foi. Entre o limpar do pó branco nas paredes da dermatologia e as longas horas de espera à porta do gabinete do capitão em busca de misericórdia, Os três bombeiros passariam três dias na angústia de saber se já eram civis ou se continuavam a ser militares.
-(continua)-

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