sexta-feira, 4 de abril de 2008

o Extintor (episódio I)

...é nestes três personagens que centralizamos a nossa atenção. São todos rapazes da capital, dos que sabem o terreno que pisam e que tiveram a sorte (ou mérito) de poder cumprir tropa à porta de casa. O telefonista, passou o último ano a tomar conta de uma central francamente analógica, (daquelas de madeira, em que ainda caía a chapa de metal com o numero da extensão que ligava e onde era preciso enfiar uma cavilha para establecer a comunicação). O mecânico nas oficinas, com as mãos cheias de óleo a reparar ambulâncias e as incontornáveis Berliet. E o enfermeiro, na ala de psiquiatria a distribuir barbitúricos a gajos com descompensações nervosas, angústias militares e problemas de alcoolemia e/ou drogas. Três vidas cruzadas numa mesma unidade hospitalar militar. E aquela seria a sua ultima noite naquelas paragens. Amanhã pela manhã passariam a ser tão civis como sempre foram os seus velhos amigos "inaptos"; "reservistas territoriais" ou "dispensados" que nunca provaram uma farda.
Nessa noite, os nossos três mosqueteiros acabam de reentrar na unidade e resolvem encetar um périplo de despedidas aos "chicos" (a.k.a. os mais velhos, aqueles de quem se diz terem casado com a tropa que já lá estavam quando eles chegáram e que ainda lá iriam ficar depois d'eles sairem). O primeiro contemplado com a visita dos mosqueteiros seria o "chico" da enfermaria de dermatologia, que ficáva no rés-do-chão. Após umas infrutíferas batidas na porta do quarto, o chico (esperto) que já tinha visto aquele filme antes e não devia estar para aturar bêbados virados pró sentimentalismo, não dá resposta. Nesta altura o trio desiste, mas o telefonista olha com ar malvado para um extintor de 15 Kg's de pó quimico que estava mesmo ao lado da porta. O mecânico e o enfermeiro perceberam a mensagem do cúmplice, íam armar-se em bombeiros.
-(continua)-

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