quarta-feira, 30 de abril de 2008

Vitor Peter - «Shóu me ó mai nhó, ótudú...»

Esta manhã, ao volante no caminho para o trabalho com o sol a bater-me de frente baixei a pala e dei por mim a cantarolar "Goodbye Maria Ivone" esse grande exito do Famoso (relativamente) Fantástico (sim!) Sedutor (anghh?!) Curioso (muito) Rei do Rock ...Vitor Peter.
Depois não pude deixar de recuperar na minha memoria a figura desse homem e o relativo hype que a dada altura se gerou à sua volta, ao ponto de Herman José (no tempo em que ainda cativava audiências) o ter repescado para animar os seus programas. Do alto da sua esquizofrenia, Vitor Peter elaborava mentirinhas saudavelmente honestas, pelo menos para ele. Dáva para notar a alegria que irradiava dos seus olhos quando se lhe perguntava acerca do seu noivado com Madonna ou de como afinal tinha sido ele o autor de grande parte dos exitos de Elvis Presley. Vitor Peter era mestre a dar resposta e continuidade às mais fanfarrónicas histórias da treta, e é por isso ao mesmo tempo, uma figura simpática mas muito pouco original. É que há aí muito artista sério que nem é tão simpático nem tão coerente nos seus dizeres. Long live the King.
PS- eu lembro-me d'ele com um pouco mais de cabelo ...e dentes.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ollie Johnston

Li algures que faleceu aos 95 anos o último dos desenhadores da idade de ouro da Walt Disney Pictures. Gente que ainda é do tempo em que os desenhos animados eram mesmo feitos a partir de desenhos, daqueles pintados à mão em papel branco e só depois transpostos imagem-a-imagem para o formato televisão. Uma geração de desenhadores de elite que trabalhava em exclusivo para o inventor do Pinóquio, do Mickey e do ...Bambi. Soube hoje que foi este velhote Ollie quem desenhou a famosa cena em que a mãe do Bambi morre pela espingarda de um caçador. Foi na primeira vez que entrei numa sala de cinema e a minha consciência infantil tremeu pela base. Um abalo inesquecível, aquela cena que me fez chorar baba e ranho. Paz à sua alma.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

o Extintor (epílogo)

A esta hora, estão os caros leitores a pensar para os seus botões, mas isto tudo para dizer o quê? Simples, para vos falar de pequenas coisas que não se aprendem, coisas que ou se têm ou não. Se bem repararam, o enfermeiro ao ver que aquilo que tinha começado por ser uma brincadeira, havia descambado para um caso em vias de se globalizar e acartar represálias para o grupo, deu um passo em frente na salvaguarda dos camaradas e tomou para si a culpa, mesmo não tendo sido ele quem havia premido o gatilho do extintor naquela noite. Todos erramos em algum momento da vida, todos fazemos coisas de que não nos orgulhamos. Ganha-se com a capacidade de perceber que se errou e a partir daí tentar recuperar o orgulho, assumindo os estragos provocados.
(Diz-se que ainda hoje, no bar do hospital militar há uma fotografia com os três bombeiros de extintor em punho e que em surdina se contam os feitos dessa gente como exemplo prás gerações vindouras)
-(Fim)-

quinta-feira, 10 de abril de 2008

o Extintor (episódio V)

Constou que o grande tinha levado 6 pontos na cabeça, que os restantes homens da caserna tinham passado o resto da noite e o principio da manhã a limpar o pó branco, depois da ameaça do Capitão de que se não fosse restablecida a ordem ele próprio invalidaria as cadernetas militares e NINGUÉM passaria à disponibilidade nessa manhã. Os três bombeiros ouviam em silêncio estas histórias e atravessavam o corredor da enfermaria de dermatologia, onde não restava um milimetro quadrado onde não houvesse pó de extintor. Era uma visão aterradora. Os camaradas discutiam aflitos com o sargento de dia a hipótese de represálias militares. Neste ambiente de grande tensão os bombeiros voltam a trocar olhares cumplices, embora desta vez parecesse que nenhum dos três tinha vontade de disparar fosse o que fosse. Até que: -"Fui eu!" disse o enfermeiro. -"Fui eu quem fez esta brincadeira e assumo a responsabilidade meu sargento! Ninguém tem de ser castigado pelos meus actos!". O sargento tomou providências, identificou o enfermeiro e mandou-o esperar à porta do gabinete do capitão. Os restantes camaradas, aliviados, encaminharam-se também para lá, mas com o propósito de receber as prometidas cadernetas militares. Todos olhavam o enfermeiro, uns com olhares de indulto, outros mais intolerantes mostravam a sua decepção. Ao fundo, o mecânico e o rambo telefonista murmuravam. Pouco tempo depois acercam-se do enfermeiro e dizem-lhe que estão com ele, que não o vão deixar assumir a culpa sozinho, afinal tinham sido os três e que íam ficar os três juntos até às ultimas consequências. Assim foi. Entre o limpar do pó branco nas paredes da dermatologia e as longas horas de espera à porta do gabinete do capitão em busca de misericórdia, Os três bombeiros passariam três dias na angústia de saber se já eram civis ou se continuavam a ser militares.
-(continua)-

quarta-feira, 9 de abril de 2008

o Extintor (episódio IV)

Pela manhã, acordam serenos e preparam-se para o ultimo dos deveres militares. Receber a caderneta e fazer a ultima das continências. É nesta altura que são testemunhas dos primeiros relatos do sucedido. Afinal, havia desenvolvimentos que eles já não tinham presenciado. Um dos camaradas da caserna, muito alto por sinal, tinha saído descalço e tinha corrido páteo fora em busca de um responsável pela "brincadeira do extintor", dirigindo-se à portaria. Os efeitos do vinho carrascão ainda lhe toldavam os sentidos e miseravelmente "o grande" esbarrou com a cancela e abriu um lanho na cabeça de onde o sangue jorrava abundante. O soldado na portaria precisou chamar uma ambulância para conduzir o grande ás urgências, isto só pode ser feito com o conhecimento do oficial de dia, um sargento resmungão que não gostou de ser acordado àquela hora tardia e que de pronto informou o comandante da companhia, um capitão ex-operacional com 30 anos no activo e famoso pela sua rigidez. Foi neste instante que os três bombeiros se aperceberam das proporções que o caso tinha tomado. Uma cabeça partida tinha desencadeado uma avalanche de acontecimentos dramáticos. Perceberam que o destino lhes tinha pregado uma enorme rasteira.
-(continua)-

terça-feira, 8 de abril de 2008

o Extintor (episódio III)

Na caserna, uns 15 homens dormiam um sono etílico após uma intensa guerra de almofadas que tinha durado horas. Os três mosqueteiros aproximam-se furtivos e entram no dormitório. O silêncio é sepulcral. Em consequência do alcool ingerido o metabolismo dos corpos deixa no ar um cheiro azedo que se mistura com o bafio do ar saturado e com o ocre das meias usadas largadas ao acaso. Ao lado das camas estão os sacos de quem daqui a pouco vai seguir viagem de regresso a casa. Nota-se que os homens recobram forças de uma noite que tinha sido intensa. Mas a serenidade do local era a mesma que se verifica na planície Africana momentos antes da investida dos leões sobre a manada de gazelas. Uma calma de morte denunciava o que estáva para acontecer. E de novo, uma rajada de pó químico inunda o ar, desta vez disparada com a segurança de quem quer semear o pânico, de quem não quer fazer reféns, de quem não quer deixar pedra sobre pedra. Terão sido segundos, mas que pareceram horas, a munição teimava em não acabar e os disparos sucediam-se. A visão do caos branco iluminou a noite. Aos primeiros sinais de protesto, os três rambos fazem uma retirada estratégica voltando a embrenhar-se na selva escura do exterior. Esperam observando as reacções. Ao lado d'eles o extintor jazia exausto e ao fundo surgem esbafuridos os primeiros elementos. Eles ficam e observam da azáfama dos homens que no exterior da caserna sacodem pó dos pijamas. Protegidos pelo breu, os 3 mosqueteiros gozam a sua imunidade. Conscientes de que tinham deixado a sua marca, e que haviam desafiado o sistema e a instituição com galantaria, os 3 bombeiros fumam um ultimo cigarro e resolvem ir refugiar-se numa das enfermarias onde não falta camas lavadas onde fechar os olhos por instantes e aguardar a entrega dos passaportes para a vida civil, logo pela manhã bem cedo. Sentiam-se intocáveis, seguros que nada nem ninguém poderia apontar-lhes o dedo. Ninguém os tinha visto, e mesmo que isso pudesse acontecer o tempo para os acusar seria escasso. E dormiram.
-(continua)-

segunda-feira, 7 de abril de 2008

o Extintor (episódio II)

Ostentando daquele ar Stallone em "Rambo, a fúria do heroi" o telefonista de extintor na mão, descarregou em 3 baforadas a raiva acumulada por tantas noites mal dormidas, interrompidas a espaços pela tortura das chapas numéricas a cair. E como se de uma AK47 se tratásse, demorou três segundos a tornar o ar irrespirável. O pó e o sonoro bruaá que aquele invólucro vermelho de quinze quilos emanava eram um espectáculo arrebatador. Atrás d'ele o mecânico e o enfermeiro olhavam incrédulos para o efeito branqueador do pó quimico que teimava em não assentar. Naquele momento, a nenhum dos três passou pela cabeça que estavam numa enfermaria. Pior, um sitio onde havia pessoas internadas com doenças de pele e aquela cena que flutuava no ar era tão somente ...pó químico para apagar incendios. Era grave, era muito grave. Movidos pelo instinto, vêm para a rua. Entre hurros de desabafo e risotas semi-contidas trocam uns "tu viste aquilo!?" e uns "ina cum caraças, aquela merda ficou tudo branco". Só agora reparam que o telefonista ainda não largou o extintor e logo ali, por entre a vegetação onde se tinham refugiado volta a disparar como se estivesse na selva rodeado de vietcong's exorcisando os seus fantasmas. Os três voltam a trocar olhares cumplices e sem se darem conta caminham em direcção à caserna onde pernoitavam os camaradas.
-(continua)-

sexta-feira, 4 de abril de 2008

o Extintor (episódio I)

...é nestes três personagens que centralizamos a nossa atenção. São todos rapazes da capital, dos que sabem o terreno que pisam e que tiveram a sorte (ou mérito) de poder cumprir tropa à porta de casa. O telefonista, passou o último ano a tomar conta de uma central francamente analógica, (daquelas de madeira, em que ainda caía a chapa de metal com o numero da extensão que ligava e onde era preciso enfiar uma cavilha para establecer a comunicação). O mecânico nas oficinas, com as mãos cheias de óleo a reparar ambulâncias e as incontornáveis Berliet. E o enfermeiro, na ala de psiquiatria a distribuir barbitúricos a gajos com descompensações nervosas, angústias militares e problemas de alcoolemia e/ou drogas. Três vidas cruzadas numa mesma unidade hospitalar militar. E aquela seria a sua ultima noite naquelas paragens. Amanhã pela manhã passariam a ser tão civis como sempre foram os seus velhos amigos "inaptos"; "reservistas territoriais" ou "dispensados" que nunca provaram uma farda.
Nessa noite, os nossos três mosqueteiros acabam de reentrar na unidade e resolvem encetar um périplo de despedidas aos "chicos" (a.k.a. os mais velhos, aqueles de quem se diz terem casado com a tropa que já lá estavam quando eles chegáram e que ainda lá iriam ficar depois d'eles sairem). O primeiro contemplado com a visita dos mosqueteiros seria o "chico" da enfermaria de dermatologia, que ficáva no rés-do-chão. Após umas infrutíferas batidas na porta do quarto, o chico (esperto) que já tinha visto aquele filme antes e não devia estar para aturar bêbados virados pró sentimentalismo, não dá resposta. Nesta altura o trio desiste, mas o telefonista olha com ar malvado para um extintor de 15 Kg's de pó quimico que estava mesmo ao lado da porta. O mecânico e o enfermeiro perceberam a mensagem do cúmplice, íam armar-se em bombeiros.
-(continua)-

quinta-feira, 3 de abril de 2008

o Extintor (episódio piloto)

-Os factos relatados nesta história são pura ficção. Qualquer semelhança com a realidade pode não ser coincidência-
A nossa história passa-se no longínquo ano de 1990 durante a ultima noite no quartel de uma companhia, em vésperas de passar à disponibilidade (nome que se dá a quem acaba de acabar o extinto serviço militar obrigatório). Ora essa noite, é uma noite de folia comparável ao fim-de-ano civil, mas, acrescido da carga emocional (indecifrável para quem nunca pôs os pés numa instituição militar), de aquela ser provavelmente a última vez que se está com gente com quem se estableceu durante um ano uma ligação umbilical -os camaradas-. A grande jantarada aconteceu, já sem fardas vestidas, uma vez que o espólio tinha sido feito nessa mesma tarde. Teve lugar necessariamente num tasco civil que era isso mesmo, um tasco, uma vez que a tropa paga mal. O vinho é do barril, e toda a gente encharca a vela com a alma dividida num misto de comemoração por ter sobrevivido às agruras militares e o receio de voltar a enfrentar o mundo civil ainda com o cabelo à pente 4. Nessa noite já tarde, de regresso à unidade (e nesta fase é importante ressalvar que se tratava de um hospital militar), enquanto os camaradas que amanhã viajavam para longe, de regresso a casa, dormiam um sono etílico na caserna, três elementos deambulavam ainda na noite, na esperança de queimar os ultimos cartuxos. São as personagens principais desta nossa história; O telefonista, o mecânico e o enfermeiro. -(continua)-

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Érretêpê o quê ?

Li algures que o prejuízo da RTP aumentou no ano passado em 46,2%, passando para 36,1 milhões de euros. O resultado líquido da estação pública piorou em 11,4 milhões de euros, já que, em 2006, a RTP apresentou prejuízos de 24,7 milhões de euros. Também os resultados operacionais da empresa registaram um cenário pior em 2007, já que diminuíram em 58%, para 6,9 milhões de euros. Para este resultado contribuiu o crescimento dos custos operacionais que aumentaram 11,7%, passando para 307,9 milhões de euros.
-Apre! ainda bem que eu pago a taxa audiovisual. Só assim posso dormir descansado.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Moda Foca

Nunca fui de alinhar em "molhadas", mas confesso que os ultimos acessos de histeria colectiva me têm provocado nauseas de forma mais aguda. Começou com o caso do telemóvel da pita na escola do Porto. De repente o país ficou escandalizado e achou que a chavala é uma criminosa e que aquela escola é um polo de indisciplina, como se fosse de agora que na EB+1 da Buraca ou na preparatória da Damaia não haja corja a urinar pró chão em plena sala de aula ou a mandar todos os dias o prof pró "#%$&/!. Hoje, deparo-me com a abertura da temporada anual de caça à foca no Canadá. Pá, eu sei que aqueles olhinhos ternurentos do bicho nos fazem derreter o coração ...é verdade! Que a forma como os bichos são abatidos é aterradora ...é certo! Que os interesses economicistas pautuam esta actuação ...é correcto! Mas péraí? o que é que é novo aqui? Onde está a novidade? Se calhar os pro-ambientalistas não têm frigorificos, ares condicionados, não usam luz electrica, não têm moveis de madeira, não se deslocam em veículos motorizados, etc, etc, e nunca contribuíram para o crescente desaparecimento dos predadores naturais das focas!
Se há quem me irrite, nem são os senhores da PETA, esses estão em missão. É o grito da populaça que acha que a caça à foca é um novo holocausto e que ainda por cima se carregam de falsos-moralismos e julgam ser os unicos que estão a marchar certo no pelotão da vida, são esses que me causam azia.